quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ele partiu...


A praia estava deserta. O Sol aproximava-se do horizonte levando com ele mais um dia! A brisa do vento ondulava-lhe o cabelo e os últimos raios de sol acariciavam-lhe a face! E ela permanecia sentada, inerte, em frente ao mar olhando para a garrafa que tinha na mão e para o papel que dentro dela habitava! Uma lágrima teimou em rolar pela face e ao mesmo tempo um sorriso soltava-se nos seus lábios. Recordava momentos vividos, momentos de amizade, de amor, de cumplicidade, de aventura! Ainda não tinha compreendido porque é que ele teria partido! Partiu sem nada dizer! Que teria ela feito? Que teria ela dito? Que teria ela não feito? Que teria ela não dito? Não compreendia, como tudo poderia ter acabado, assim, sem mais...
Um arrepio de angústia estremeceu o seu corpo e trouxe-a de volta à realidade! As mãos agora tapavam-lhe a face e o sol não conseguia penetrar nelas e aquecer-lhe a alma! As juras de amor que tinham feito dissipavam-se no ar levadas pelo vento. O ombro amigo com que sempre contou não estava lá mais! As conversas que tinham trocado ficaram para sempre seladas na memória de cada um! O silêncio que ambos decifravam tornara-se gritante!
Ele partiu! Partiu sómente! Sem nada dizer! Deixando-a desamparada, sem rumo, sem apoio e conforto! Ele partiu levando com ele o amor que tinham construido!
Agora sentia-se numa redoma de insegurança e sentia-se incapaz de lutar!
Faltava-lhe o apoio e a coragem dele!
Fixava agora a despedida do Sol!
A garrafa que segurava na mão iluminou-se como que por magia e lá dentro, numa simples folha, a mensagem que ela escrevera para ele! A mensagem que ela queria que ele recebesse!
O mar era a morada deles! O mar era o seu porto de abrigo e era nele que os pensamentos de ambos mergulhavam e renasciam. Ela tinha a certeza! Se lhe mandasse a mensagem na garrafa ele íria recebê-la, pois onde quer que ele estivesse ele procuraria o mar, onde mergulharia os seus sentimentos e onde libertaria as suas angústias. Ela tinha a certeza! Ele tinha partido, sómente, sem nada dizer!
Desenrolou a folha e releu o que tinha escrito e numa simples frase anunciou:
“Tanto que não te disse! Tanto que te queria ter dito!”

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